segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Crónica da Jornada de Janeiro

No arranque do Campeonato de Cascata 2011, algumas novidades a anunciar – equipas novas em acção – Outsiders (com origens fonixianas) e Universus & Frigorificus (a derivar de outras andanças de quiz) e a introdução do inédito Chicken-eye, a nossa variante do Hawk-eye, para dar a possiblidade a cada equipa de contestar uma resposta considerada incorrecta ou correcta, consoante os casos.

Casa cheia com todas as 16 equipas em jogo, mais os Golfinhos em estreia organizativa. O frio pedia um jogo animado e a entrega das medalhas referentes à última edição deram o mote. Ainda o trio contemplado, composto por Zbroing, Mamedes e Espertalhos, voltava às suas gélidas cadeiras e já o jogo arrancava.


Aperta, aperta com eles



A parte escrita teve os seus altos e baixos, mas foi talvez a melhor parte do jogo dos Golfinhos, apesar de nessa altura estarmos ainda muito longe (até em termos de horário) de ter um noção completa do que aí vinha. Diversificada qb, em termos temáticos, não foi das mais complicadas a que já assistimos, embora aqui e ali se pudesse ter simplificado um pouco mais. Por exemplo, se identificar os elevadores de Lisboa era até acessível, pedir a ordem cronológica, tornava-a quase impossível e, nos casos das letras das músicas, dado os espaços por preencher, pedir duas letras pelo preço de 1 ponto, não era negócio entusiasmante.

Essa dificuldade custa pontos e isso reflectiu-se nas pontuações, com apenas 5 equipas a conseguirem alcançar 50% dos pontos em disputa e só uma acima desses 5 pontos (Espertalhos, com 7). As restantes equipas oscilaram entre 2 e 4 pontos o que, apesar de nivelado por baixo, permitia ainda um certo equilíbrio.


A indiana Kalamandalam Hemaletha bateu o recorde mundial ao dançar por 123 horas e 15 minutos a dança clássica Mohiniyattam, dados confirmados pelo Livro de Recordes do Guinness. No entanto, tal pode não ter contribuído para o Nélson Évora vender mais artigos da sua linha de óculos.
Mas, o que eu quero mesmo saber é: o que é que se passou na maratona de nível 1?




Começando pelo fim, o nível 1 demorou 2h30m, começando o nível 2 a horas a que outras jornadas começaram o nível 3. Podemos ir buscar muitos factores para justificar isto, juntando a inexperiência dos organizadores com alguma dificuldade acrescida, mais a inserção do chicken eye no mix e até o já aclamado granel. No entanto, é difícil explicar bem o que se passou e que infelizmente, empenho dos Golfinhos à parte, esteve longe de ser positivo.

Mais do que o facto das cascatas serem temáticas ou não, continuo a defender a importância da nivelação da dificuldade o que, mais uma vez, não aconteceu, quer dentro de um tema, quer entre o que calha a cada equipa em cada nível. Se se escolhe o tema saúde ou se alinha as perguntas pelo nível dentição definitiva/nomes dos dedos das mãos ou se vai pelo nível data do Plano Nacional de Vacinação. Misturas dão origem a confusão, especialmente se a “fava” das perguntas puxadas não estiverem pelo menos pensadas para serem distribuídas por todas as equipas.


A disparidade de dificuldade foi notória, passando do nome do rebento de Yannick e Floribela para as virtudes de uma dada floresta inglesa ou do estado brasileiro da localidade de Canoas para o gelado da Olá que tem como mascote um cão. Juntando-se a isso uma formulação de perguntas por vezes mais incompleta ou interpretativa e o crescente descontentamento na sala, pois quanto mais se demora, mais combustível se vai atestando e, por esta altura, os Golfinhos certamente já desejariam estar a navegar por outras águas.

Feitas as contas, apenas cinco equipas acertaram mais do que três directas neste nível e o total de directas respondidas foi de cerca de 50%, números mais condizentes com um segundo nível, tal como as oito perguntas que deram a volta à sala, com destaque para o épico 4 em 1 que calhou aos Fónix. Na frente saíam os reforçados Mamedes, seguidos de perto por Espertalhos e Frikadellos, com os Fónix à espreita.

Pelo meio da odisseia, os Power 2U Duracell não conseguiam juntar energia para o arranque, ficando pelo caminho, tal como os Cavaleiros de João Silva, ainda à procura de novo andamento, depois das debandadas do final da época passada. Igualmente de fora ficavam Folie à Cinq e BMV c/ Laranja, com estes últimos a não conseguirem dar seguimento a um final em força de 2010. Às portas do segundo nível ficavam Lais e Feios, Porcos e Maus, num serão que se adivinhava longo.


Não transformes as tuas convicções em pedras granulosas Saint-Exupéry



No segundo nível, a toada manteve-se e o jogo foi-se arrastando, algo que de certo modo chutou para segundo plano o equilíbrio pontual que se mantinha. Assistimos a uma certa concentração temática a espaços, com foco nas citações e na geologia e seus derivados, mantendo-se a inconstância em termos da dificuldade, apesar do nível ter sido puxado para cima.

Um ou outro momento de granel, em debate mais aceso com a organização por causa de critérios de aceitação de respostas também ajudaram à festa que, com cerca de um terço das perguntas a dar a volta à sala, bem ia precisando de uns picos de agitação para evitar o congelamento. Nenhuma equipa conseguiu sequer acertar metade das suas directas, o que reforça o distanciamento que houve entre as intenções iniciais dos Golfinhos e o que na realidade se verificou.

Entre os quatro que caíram nesta fase, realce-se a estreia promissora dos Universus e o início em crescendo face à época passada por parte dos NNAPED, ao passo que pelo meio da tormenta caíam dois conjuntos de nomeada, como é o caso dos Ursinho e, surpresa das surpresas, os campeões Zbroing que iniciam a defesa do título de forma tremida.

Na frente, o trio Mamedes, Fónix e Espertalhos pareciam ir decidir tudo ao sprint, ao passo que as restantes três equipas rezavam por um nível mais acessível que lhes permitisse escalar uns lugares na classificação.


Igrejium delphinus jardinophilis tardepracaracias



Quando um nível três começa às 03h40m da manhã, já se sabe que o desafio maior é: tentar não adormecer e sucumbir para sempre aos efeitos da hipotermia. A dificuldade do nível normalmente contribui para tornar maior essa luta o que, só por si, já dispensava ajuda.

Mas, apesar de parecer injusto, creio que os Golfinhos conseguiram ajudar à festa. Das 36 perguntas, diriam que possivelmente metade delas se focaram em Igrejas de Lisboa, nomes de jardins e géneros botânicos. É certo que o critério do organizador é soberano mas, à parte do gosto pelo tema, diria que há a considerar as equipas que jogam e o que está em jogo. Creio que não foi este o caso, mas houvesse um craque em botânica ou um especialista em história de Lisboa entre os finalistas e, dada a especificidade do tema, facilmente se podia desequilibrar a balança.

Assim, aqui e ali lá se foram conquistando uns pontinhos, o número de perguntas a dar a volta manteve-se nos 50%, com os estreantes Outsiders (apesar das 4 directas que deram a volta) a provarem que podem ficar mais por dentro do que por fora dos bons resultados.
Unidade 101 e Frikadellos também tiveram um bom início de época, que esperamos que se venha a confirmar com as suas organizações, que se seguem no calendário.

No trio da frente, de onde se decidiu o vencedor, os Espertalhos foram os primeiros a perder o comboio, tendo que se contentar com o terceiro lugar no pódio. Ainda assim, já com o ex-cavaleiro Rogério no plantel, a equipa promete um maior entrosamento nas próximas jornadas. Já os Fónix e os Mamedes discutiram a vitória até à última e se, pelo lado da Ordem fica a noção de uma jornada em crescendo, a prometer um 2011 na luta, foi o conjunto mamedino que mais se destacou, alcançando a vitória e provando que os reforços estão lá para tentar regressar aos dias de glória.

No entanto, perto das quatro e meia da manhã, as pessoas estão mais preocupadas em saber onde se toma o pequeno almoço e qual a melhor forma de descongelar os membros inferiores, do que propriamente em festejar vitórias...


Linha de fundo


Pelos vários factores que fui enunciando e outros que se podem juntar à festa (ex: se fazemos perguntas de substituição a incidir sobre um tema eleitoral, apropriado pela data, convém que as respostas possíveis sejam em número suficiente para dar a volta pelas equipas todas e, vistas as coisas não existiram presidenciais para 16 equipas tentarem a sorte), é fácil dizer que os Golfinhos não conseguiram transportar a sua já considerável experiência como fregueses para a sua estreia atrás do balcão.

Se é mais desculpável alguma insegurança na condução do jogo ou até no formato da formulação das perguntas, já os blocos temáticos descompensados em termos de equilíbrio de dificuldade e os temas recorrentes (especialmente no nível 3), são apenas exemplos de que tudo o que ser evitado se às vezes não houvesse uma tentação pelo abismo organizativo.

Aliás, eu posso colocar este link para o Pseudo-Guia de Boas Práticas 50 vezes com a plena noção de que ninguém o vai ler, mas também com a certeza que bastava ter atenção a metade do que lá vem para ajudar um quiz a ser melhor. Não tem a ver com ter mais ou menos Literatura, Pintura, Cinema, Ciências ou craques da pelota basca - tem a ver com o equilíbrio necessário para a diversão não desaparecer da equação. E se eu nunca ponho em causa o empenho/entusiasmo dos organizadores em fazer o seu jogo, assim como aceito uma margem larga nas escolhas temáticas, não consigo conceber uma maratona de quase seis horas numa sexta à noite em que toda a gente, organização incluída, sai de lá muito pouco satisfeita.


Nota final para o Chicken-eye, que foi chamado a intervir algumas vezes. Parece-me positivo, embora falte definir um pouco melhor o que é contestação de resposta e o que é uma contestação do critério do organizador. Por duas vezes, no caso do Gasganete/Gargamel e no caso da banda sonora do "Ultimo Imperador", a coisa foi dúbia, defendendo-se o organizador com o seu critério para validar a resposta que aceitou. Isto parece-me uma zona de ninguém em que quem pede o Chicken Eye se pode sentir defraudado...

17 comentários:

  1. Comentário duplo ao Chiken-eye:

    1 - No caso concreto, e reportando-me apenas à banda sonora do Último Imperador, a decisão da organização foi aberrante, e faltou pulso à Comissão.

    Para que serve comprovar a justeza de um protesto se se decide contra o que ficou provado?

    2 - Sugere-se que, no futuro, todas as equipas tenham um "link" para cada resposta, de forma a poder ser consultado de imediato.

    Esta prática obrigará a consultas para elaboração das perguntas e respostas, evitando muito do granel que se gera quando há dúvidas.

    CMD

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  2. Vetusto Quizzista24/1/11 21:54

    Como é que se fazem links para bons velhos e fiáveis calhamaços?
    Não estará a sugerir hyperlinks para websites, espero!
    A internet como tira-teimas?! Estará porventura louco?
    O ideal seria a equipa organizadora levar consigo uma fiável enciclopédia (em papel pois claro!)

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  3. queremos mais olhos de galinha! All we want are chicken eyes!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

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  4. Como já anteriormente solicitei, seria agradável e correcto que cada comentador se identificasse.

    Continuo a não responder a anónimos.

    CMD

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  5. A cascata com temática sobre igrejas e jardins de Lisboa, é muito mais acessível e lógica que uma cascata inteira sobre Cabo Verde.

    Se esta ou a Comissão anterior tivesse esse "pulso" sobre as perguntas, critérios e decisões das equipas, a cascata de cabo verde, teria sido eliminada.

    Não foste eleito para a comissão, e agora dizes que a eles faltou o pulso.

    Tens é uma dor anatomicamente localizada mais acima do pulso.

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  6. afinal o chiken-eye tem os mesmos poderes da rainha de inglaterra...
    zg

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  7. Sergei Kostov25/1/11 15:06

    Chicken eyes, Lazy eyes, Bette Davis eyes e outras coisas que tais à parte, acho que esta inovação não foi feita para substituir à bruta o critério do organizador, nem sequer para transformar a CO na polícia do quiz.

    Noutras alturas, bastava ao organizador dizer "o que está no cartão é que conta" ou fazer orelhas moucas a protestos, justos ou não, para seguir em frente.
    Isto, a meu ver, é um melhoramento em fase experimental que só ajuda em erros de facto e não tanto em erros que também dependam da interpretação ou do critério do organizador, como em parte aconteceu nos dois exemplos que dei.

    Aí, suponho que será preciso afinar a máquina para saber qual o melhor procedimento nesse tipo de situações. Caso contrário, como foi durante tanto tempo pré tecnologia, em caso de vazio legal valerá a decisão do organizador...

    Mas também espero que ninguém estivesse à espera que o Chicken Eye viesse curar todos os males do mundo do quiz ou, qual Robocop, limpar os biltres da equação. Caso contrário, acabaríamos para aí a jogar com 8 pessoas na sala...

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  8. chicken eye chicken eye chicken eye chicken eye all we need is chicken eye!!!!!!!!!!!!!!!

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  9. Pedi ao Quizadas para postar um artigo a discutir o Chicken Eye, já está disponível --- mas o comentário acima do Sérgio está de acordo com o espírito que a Comissão (especialmente eu, o Leal Tratador) tentou implementar.

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  10. então e o eye of the tiger??

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  11. Então e o eye eye eye eye eye eye eye eye eye eye eye eye eye eye eye eye eye eye eye eye eye i should have known better

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  12. Maya con Dios27/1/11 10:08

    E o hino contra o capitalismo:


    eye, eye, eye, eye, eye, eye porco rico...

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  13. It's fun to stay at the Eye M C A!

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  14. Eye qué que vais fazer com esse saca rolhas?

    (Carlos Castro, escassos segundos antes da sua morte)

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  15. Acho que falta referir nesta crónica o gamanço escandaloso de que a minha equipa foi vítima! É inacreditável a prepotência com o o apresentador acolheu um protesto legítimo. O Jorge deu uma resposta que claramente era a gozar na questão das luas de Júpiter, sendo interrompido A MEIO DA PALAVRA pelas resposta certa (Galileicas). Claro que não nos manifestámos. Qual não é meu espanto quando aceitam essa resposta aos Mamedes 3cascatas depois! Este ponto ter-nos-ia permitido ir à final. A verdade desportiva está posta em causa nesta jornada tudo graças aos Golfinhos. Parabéns. Deus queira que nunca mais possam organizar um jogo. Foi mau demais.

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  16. Nunca em 6 anos tinha abandonado a sala em protesto. Neste caso não sei bem se foi em protesto ou para me acalmar...

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  17. Gosto dos que fazem quizes perfeitos.
    Aliás nós só temos assistido ultimamente a quizes perfeitos, que não geram polémica e que fazem valer a pena irmos jogar.
    Os que apontam defeitos (e não digo que não existam) ao quiz dos golfinhos, são aqueles que também temos muito a apontar sobre os quizes que já fizeram... Cabo Verde e afins.

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