Há algum Sun Tzu na sala?
No início do campeonato de cascata 2010, este é capaz de ter sido o nome mais invocado na sala. Quer pelas particularidades do quiz em si, como pelos momentos de “Arte da Guerra Verbal”, que a espaços foram surgindo.
De facto, a estreia da Liga dos Últimos enquanto organizadores veio provar que passar da teoria à prática, nem sempre são rosas. É sempre mais fácil criticar um quiz do que fazê-lo, mas também há aspectos que a aprendizagem presencial que se vai fazendo ao longo de um campeonato devia servir para corrigir.
Primeiro que tudo, há que simplificar para ser eficaz. Não entrando já em detalhes sobre cada uma das fases que presenciei (excluindo nível 3), o empenho e dedicação da Liga dos Últimos não está em causa. A forma como o materializaram é que ficou bastante longe do ponto óptimo. Creio que foram a estruturação e a condução do jogo, mais do que o conteúdo das perguntas, que o minaram e o tornaram num processo arrastado e algo turbulento.
Acredito que não era bem isto que a Liga dos Últimos pretendia para a sua estreia, mas há também aspectos positivos a retirar, nomeadamente a parte escrita, sobre a qual falaremos adiante.
Desmanchando o Porco
A parte escrita foi possivelmente a parte mais bem conseguida do quiz da Liga dos Últimos, sendo diversificada e interessante pecando apenas, a meu ver, na complexidade do sistema de pontuação e nas músicas, que não foram favorecidas pelo audio da sala.
Da prova de bolos, ao teste de chá, passando pelo calhau nas mesas, creio que foi divertida e isso também é de valorizar numa parte escrita. Simplificando-a um pouco, teria sido o toque de mestre.
Nesta fase, Mamedes tomaram a dianteira, mas o pelotão era compacto e só o ponto solitário da Ordem do Fónix destoava um pouco.
Bota Botilde, onde estás?
Com duas equipas novas em jogo, Folie a Cinq e Power 2U, 17 equipas em jogo e Johnny Bigodes a usar a palavra “mormente” na sua introdução pré-jogo, sabia-se que a coisa podia ser complicada. O começo do nível 1 já perto da meia noite deu força a esses indícios.
A ideia de dar temas a escolher às equipas poderia até ser interessante, mas só se a mecânica de execução estivesse muito bem oleada. O que, infelizmente, não aconteceu. Não só a compartimentalização dos temas não foi estanque o suficiente para evitar alguma polémica (ex: Militar em Desporto e Laser, quando havia uma categoria Sun Tzu, uma categoria Generalidades com uma sub-categoria Diversos, só para citar alguns), como a meio das cascatas o pedido dos temas já tinha ido às malvas, pela quebra de ritmo que causava.
A formulação das perguntas “a la Carlos Cruz do 1,2,3” também não vingou. Aquilo que se pode ganhar em humanizar uma pergunta, perde-se de imediato na falta de eficácia na formulação da mesma, assim como a simplicidade que se pede num ambiente onde nunca falta o granel e, regularmente, o Carlos Manuel. Isso transformou um nível 1 num calvário, que nem um toque de carga de cavalaria poderia resolver.
Pelo meio havia de facto perguntas interessantes e engraçadas, apesar de alguma incidência temática dentro dos sub-temas (perguntas de Monty Python, por exemplo). Só que o embrulho das mesmas prejudicou-as, assim como algum desnorte na condução a espaços (a questão do Anel de Fogo, quando a palavra Pacífico já fazia parte da questão, é um exemplo de preciosismo). No entanto, em termos da dificuldade efectiva, o nível 1 não fugiu muito do que deveria ser e quem conseguiu safar as suas directas colocou-se em boa posição. Pelas condicionantes do sorteio aberto, as cascatas concentraram-se essencialmente nas equipas das “pontas” da sala e no farol dos Mamedes.
As equipas estreantes acabaram por ficar por este nível, com uns Folie a Cinq a prometerem mais, tal como os NNAPED, Lais e Irmandade do Bordel. Indomáveis acabavam por ser a surpresa nas eliminações precoces e, a fechar o grupo dos eliminados, os Golfinhos, agora com o reforço Quizadas na área. Freakadellos e Mamedes lideravam, com uns BMV c/ laranja em perseguição e uma Ordem do Fónix em recuperação.
Pontos altos e baixos já em noite avançada
O nível dois começou perto das duas da matina, quando o relógio biológico das equipas concorrentes já ia para aí no nível três. Mantiveram-se os temas do nível anterior, mudou-se o apresentador, aumentou o granel e a confusão. Uma vez mais creio que, foi a formulação das perguntas, assim como a estruturação da distribuição das mesmas (sobre isso falaremos no fim) que ajudou à festa.
Uma condução de mão firme (não confundir com ditatorial) teria atenuado as questões que foram surgindo, mas o nervosismo compreensível da estreia pode ter os seus efeitos e já se sabe que equipas em fúria detectam facilmente “o cheiro a sangue”.
Pelo meio de zonas de pontos altos em Lisboa e os Sportings da Liga Profissional, os ânimos foram aquecendo e equipas como os Feios, Porcos e Maus e os Valentejanus cedo ficaram fora da contenda, ao passo que Espertalhos e Zbroing lutaram até ao fim, mas acabaram por ter uma eliminação algo precoce para as suas expectativas.
Na luta pela liderança, os Fónix vinha de trás para a frente, com Mamedes, Cavaleiros e Ursinhos por perto e BMV e Freakadellos a perder algum gás.
Nevoeiro na recta da metal
Não estando presente, não posso avaliar condignamente este nível. Sei aquilo que os pontos me dizem e uma primeira cascata que testemunhei, fez-me prever um nível 3 ainda assim algo acessível, em vez do nível 5 que por vezes acontece. Posso, obviamente, estar enganado.
Os Mamedes fizeram um 3º nível bastante forte, saindo como vencedores da noite, seguidos por uns Cavaleiros que roubaram o 2ºlugar aos Fónix no photo finish. Ursinho em 4º, com Freakadellos e BMV c/Laranja a fechar o pelotão, sendo os primeiros o único intruso numa final preenchida de equipas “clássicas”.
A madrugada já devia ir adiantada e o serão de diversão já devia ter ido para casa.
Nota final: Não incluí isto na análise, porque não estou certo da mesma e se a organização me esclarecer, agradeço. Pareceu-me que a distribuição das perguntas não foi feita por equipas, mas sim por temas. Ou seja, não havia perguntas atribuídas especificamente a uma mesa, mas iam sendo tiradas consoante o tema.
Se assim foi, pode ter contribuído para alguma ineficiência na distribuição das mesmas, já que a nivelação da dificuldade/distribuição por mesa é bem mais precisa. Deixar os temas “à solta”, pode contribuir para oscilações de dificuldade completamente aleatórias, já que é difícil perceber que equipa responde ao quê.
Como disse, foi a minha impressão, sem certezas.
Quiz - Resultados da 120ª Jornada
Há 13 anos