A antiga equipa dos Defenestrados foi uma equipa da cascata entre 2008 e 2010. Eram essencialmente jovens entre os 20 e 25 anos. As suas participações somaram um total de vinte e cinco, e em termos de registo contaram apenas com uma final e um 2º nível. Há pouco tempo cruzei-me com alguns deles. Fiz "publicidade" de outros quizes cascata onde eles poderiam participar. Resposta simples, sem malícia e até surpreendente: "Ah! Mas nós gostávamos muito da variedade das organizações da Ajuda. Isso é que dava colorido. E a adrenalina era muito forte." Levei uma bofetada, do alto da minha condescendência parva, mesmo que de boa intenção. Mas levei-a sem ressentimento nenhum.
Também há pouco tempo, ouvi uma frase que fixei, vinda de uma pessoa da nossa cascata: "A Ajuda é a mãe de todas as cascatas!"
Mas porquê esta introdução? Talvez porque serve para explicar que, independentemente das velhas discussões do que é um bom e um mau quiz, nunca chegaremos a um consenso sobre os ingredientes que deve ter. E ainda bem!
Note-se que falo para já do conteúdo da cascata. São 11 jornadas feitas por 11 equipas diferentes em todos os aspectos. Têm gostos particulares, e portanto é assumido pelas equipas que jogam, que vamos ter uma dose um pouco mais generosa de determinados temas. Desde que não seja excessivo, e obviamente preparado com antecedência, estamos numa situação em que isso é legítimo para qualquer equipa que organiza. Os jogadores têm que se adaptar a essa situação, preparando argumentos que abranja vária áreas, de modo a poder estar à altura das exigências de cada quiz. É como num jogo de ténis. Há adversários mais difíceis para uns e mais fáceis para outros.
Mas quanto à forma do quiz, as coisas passam-se de modo diferente. Como cozinhar as perguntas, de modo a que elas se tornem interessantes, pedagógicas e competitivas? É aqui que acaba os gostos pessoais e começa o entretenimento. Não existe um modelo. Mas existe uma base: O quiz é para os jogadores "jogarem". Como tal, em primeiro lugar as perguntas tem que ser bem distribuídas em termos de dificuldade e tema para cada mesa. É verdade que há coisas impossíveis de controlar e ninguém atinge a perfeição. Mas desde que uma equipa se debruce mais tempo que o normal sobre esta situação e que haja bom senso e flexibilidade para detectar isto, tudo correrá bastante melhor.
Em segundo lugar, a gestão da dificuldade. Há equipas que tentam nivelar de uma forma igual cada nível. Outras que preferem assumir que haverá graus diferentes, dentro de cada nível. E porquê? Porque ao nivelar tudo por igual, vai sempre haver perguntas que os organizadores não contam que seja tão difícil ou tão fácil. E a probabilidade do número destas perguntas acontecer é muito maior do que devia neste formato. O que faz com que as favas, quando calham a alguém, não permitam recuperação possível.
Já o outro modelo, não é perfeito na situação de recuperação de uma directa horrível que foi falhada. Mas as hipóteses para que isso aconteça, aumentam bastante.
Como somos todos diferentes, também existe um modelo preferido entre os 3 ou 4 que nos apresentam durante um ano: Ecléticas, ou eruditas, ou mais actuais, etc.
Há duas equipas que estão nos extremos no que ao conteúdo dizem respeito, mas que são para mim as mais eficazes em termos de forma: os Ursinhos Bobó e os Espertalhos do Carinho.
A primeira equipa porque consegue nivelar todas as equipas de modo a que o jogo se torne uma roleta, sobretudo no 1º nível. Para mim, isto pode ser bastante interessante, na medida em que torna a jornada mais imprevisível onde o desafio é... sobreviver até chegar ao 2º nível, altura em que eles já fazem a distinção mais apertada. Mas até lá, pode criar interesse muito maior no campeonato. É óbvio que o conteúdo deles tem estado à altura, dentro das brincadeiras que eles fazem. As perguntas não têm sido de escola primária, convém frisar isso.
Já os Espertalhos, têm uma filosofia diferente. Põem-nos frente a uma montanha e dizem-nos para trepá-la até ao topo. Mas dão-nos uma bicicleta, uma mochila com mantimentos e água.
E estas duas equipas quando organizam, transformam um quiz num espectáculo!
Falando um pouco mais agora do quiz dos Espertalhos. Foi excelente no conteúdo e na forma. Temas muito variados, com uma dose um pouco mais generosa nas artes em geral, mas sem muitas especificidades que fizesse com que só especialistas da área soubessem. E porquê? Muitas das perguntas cruzavam temas ou possíveis informações de outras áreas. Ou seja, no sentido em que não sabendo, pode-se chegar lá por outras vias. A informação utilizada para justificar cada pergunta posta para nós, torna-se mais acessível (na sua grande maioria) que o normal. Dois pequenos exemplos:
"Sabendo que na tabela periódica, o urânio tem o número 92 e o plutónio tem o número 94, que elemento químico tem o número 93?" Resposta: Neptúnio.
"Quem é a única figura histórica a ter feito parte do Partido Nazi a ter sido sepultada num cemitério em Jerusalém?" Resposta: Oskar Schindler.
Este tipo de cruzamento de informação é talvez só comparável (na minha memória) ao quiz dos Zbroing em 2009.
A escrita acabou por ser a menos conseguida (dentro do bem conseguido), talvez porque é mais difícil diluir as especificidades em apenas 10 grupos. Nenhum deles foi de borla e registou-se logo cinco vítimas que não encontraram mais o rumo, na densidade erudita e rica deste quiz. O primeiro nível também teve graus de dificuldade variada. Só 7 equipas tiveram 4 ou mais directas, provando estar à altura das dificuldades que foram surgindo na montanha. Aos outros, a "condição física" foi determinante para trepar mais alto na etapa de montanha. O 2º nível teve 54 perguntas em 60 a serem respondidas (com 24 directas). E no 3º nível, praticamente metade foi respondida.
É um quiz de conteúdo específico, de formato erudito, mas sem o terrível ónus do "ou és da área, ou não sabes". Resumindo: Perto da perfeição.
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E agora a etapa
Já para o 2º nível, 9 equipas lideradas pelos Mamedes estavam separadas por 6 pontos, cabendo aos Folie à Cinq a dose de leão de recuperar 5 pontos a quem na altura seguia no 6º lugar. Subiriam apenas uma posição por troca com os Duracell, que seria a única equipa a não ter o gosto de uma directa. No entanto, esta equipa que ainda espera por se estrear numa final, tem apesar de tudo um registo de níveis 2 superior aos níveis 1. Falta só matar o borrego...
Os Frikadaellos acabam com uma mini-série de maus resultados mas não foi suficiente para a final. Já os Feios, Porcos e Maus, não chegam à final, traídos que foram pelo 1º nível. Mas mesmo assim, 7 finais nas últimas 12 jornadas em que participaram, faz com que este ano eles estejam uma equipa muito mais consistente que em outros anos. E lutam pela melhor classificação de sempre, porque não entre os 6 primeiros.
Para o 3º nível, os Mamedes mantinham a liderança, após voltar a vencer o 2º nível, desta vez na companhia dos BMV c/ Laranja. E três pontos separavam os 4 primeiros.
Mais para baixo, os Lais da Carangueja são mesmo a equipa sensação deste ano. Já vão na quarta final este ano, tantas quantas as que já tinham obtido no total. Mantêm-se entre os 6 primeiros do campeonato e já fizeram mais pontos nestas 6 jornadas do que em qualquer outro campeonato anterior. Nesta, acabaram por descer uma posição na final.
E trocaram com os Ex-Cavaleiros. Que também são um candidato a acabar entre os 6 primeiros. Surpresa, só mesmo o início do campeonato. Ainda à procura de melhor afinação, reatam o rumo das finais e aos poucos sobem na classificação geral.
Os 4 primeiros foram enormes nesta jornada. Debateram-se pela vitória até ao fim.
Os primeiros a quebrar foram os BMV c/ Laranja. Fizeram uma bela jornada, ganhando inclusive duas etapas (a escrita e o 2º nível), mas este 4º lugar, foi daqueles que sabe a pouco, pelo que fizeram.
A Ordem do Fónix trepou até ao 3º lugar, subindo sempre um degrau em cada nível (excepto na escrita pois foi o 2º). Agarram o 4º da geral, e mantém-se dentro das perspectivas de acabar no podium final. Para trás, já está o ano passado.
Os Zbroing 747!, campeões em título ainda passavam para a frente no início da última cascata. Acabaram no entanto em 2º lugar, a melhor classificação deste ano, mas com fortes indicações de que o melhor está a chegar. Já só estão a 7 pontos do segundo da geral.
Os Fernandos Mamedes fazem história e alcançam a 5ª vitória nas suas 5 últimas participações, com folga em Maio. Alcançaram-na muito à custa das directas: 14 em 18. Nos dois primeiros níveis, só falharam mesmo uma directa. Lançam-se para a conquista do campeonato muito contentes, mas só o tempo o dirá se estão também demasiado eufóricos. De qualquer forma, também... perto da perfeição.
E agora, o campeonato? Há mais 5 jornadas e ainda está tudo em jogo. Parece muito difícil recuperar o atraso para os Mamedes, mas só os Espertalhos e os Zbroing (sem esquecer os Lais) ainda têm 60 pontos à sua disposição, com vantagem para os primeiros. Os outros até ao 9º ainda organizam. Veremos como correrá o resto, sabendo que foi na segunda metade dos dois últimos campeonatos que as surpresas de recuperação aconteceram. Os Espertalhos recuperaram 40 pontos em 2009, embora terminassem em 2º. Os Zbroing começaram mais cedo, mas chegaram a estar a 16 de diferença para o primeiro, antes de acabarem com 14 de avanço para o segundo. Na próxima etapa, quem "oferece a casa" são... os Ursinhos!...
P.S.: Desculpem o atraso. Foi mesmo as fotos e a edição que me atrasou.