O mês de Maio marcou um novo ciclo de no campeonato, com os Mamedes a inaugurarem um período de jogos organizados por algumas das equipas ditas mais “experientes”. Depois do muito que já se falou sobre organizações, virtudes/defeitos e perseguições, as expectativas eram elevadas e não apenas por isso. O início de época fulgurante dos Mamedes e as mais valias trazidas pelos seus reforços antecipavam uma noite criativa e, porque não, divertida, dentro do rigor organizacional a que nos habituaram noutras épocas.
Mas, numa jornada em que só os Ursinho não marcaram presença, vamos lá passar a pente fino o serão na Academia.
Enquanto aquecimento que é suposto ser, a parte escrita parece-me ser a ideal para pôr em prática algumas brincadeiras e experiências, sem que se descure totalmente o jogo. Nesse sentido, a animação gerada pelos Mamedes, com bigodes dançantes, projecções teatrais transcendentes e muitos talentos escondidos foi uma entrada servida de forma original. A parte em papel também não complicou em demasia, tirando porventura os países que, pela forma como estava representados tinham alguma dificuldade acrescida.
Zbroing e BMV saíam na frente, com Espertalhos logo no encalço e apenas quatro equipas não chegavam aos cinco pontos, o que espelha algum equilíbrio inicial.
Nível 1 – Som, som, experiência, som, som, cascata
Os Mamedes avançaram com a definição de sub-níveis dentro do nível 1 e, não duvidando do seu esforço em tornar o jogo o mais equilibrado que possível, no meu entender a sub-nivelação demasiado assumida, pode complicar mais do que simplificar, como é pretendido, nem que seja na cabeça das equipas. No entanto, o nível foi jogável, apesar da oscilação aqui e ali da dificuldade, mesmo que prevista, não torna as coisas tão fluídas.
Do ponto de vista temático, pareceu-me haver uma distribuição ponderada, onde não faltaram ciências de forma equilibrada. A cascata cantada, sem menosprezo pelas criatividade/qualidades vocais do Miguel, talvez não tenha sido uma aposta ganha. Com muitas equipas em jogo a coisa arrasta-se, é difícil manter o ritmo e os temas ficam diluídos em algo que não favorece a dinâmica do jogo. Do ponto de vista criativo é interessante, do prático o disco já não é bem o mesmo.
Em termos de condução do jogo, levantou-se o granel ocasional, com resolução rápida, ainda que nem sempre do agrado das claques, especialmente as que desembarcaram em vôos das linhas aéreas turcas, prevalecendo o critério do organizador. Segundo as minhas contas, 46 directas foram acertadas (perto 50%), com três perguntas a darem a volta à sala. É o chamado nível um puxado mas, ainda assim, claramente jogável como já referi.
No entanto, este nível faz sempre vítimas e os NNAPED e os Frikadellos rapidamente se viram fora da jogada, assim como os Universus e Ex- Cavaleiros, cabendo a fava à Unidade 101 que, no tira-teimas com os Lais, acabaram por ficar à porta do nível 2. Na frente mantinham-se Zbroing, agora seguidos por Feios, Porcos e Maus e Fónix, com um pelotão engalfinhado logo no seu encalce.
Nível dois - Para bailar e também para quizzar, isto é uma bomba*
Chegados ao segundo nível, não se pode dizer que os ânimos tivessem esmorecido, já que a máquina mamedina tem rotina suficiente para ir fazendo as coisas progredirem. Apenas aqui e se notavam alguns aspectos que, apesar de planeados como já referi, causavam algum contraste entre criatividade e resultado prático.
Começando pela “bomba”, tenho alguma dificuldade em vê-la enquadrada num nível 2. Tendo 10 equipas em jogo, obriga a um número de hipóteses de dificuldade média/alta que tornam as questões num emaranhado de tiros ao boneco, para não serem evidentes. No formato em que jogamos, combinando morosidade/viabilidade talvez só no nível 3 se aceitasse uma dificuldade acrescida face a um número mais reduzido de respostas mas, ainda assim tenho algumas dúvidas.
Os temas continuaram a variados, embora as trocas na condução de jogo, se bem que sempre segura, me deram a impressão de gerar algumas flutuações no critério do organizador. O equilíbrio entre as pontuações das equipas mostrava que a emoção ainda fazia parte da equação. Nove perguntas a dar a volta à sala mostram que a dificuldade não disparou à bruta mas, o facto de apenas 25% (15 em 60) das directas terem sido respondidas revelam que a fasquia se elevou.
Com cinco directas acumuladas, ao passo que quatro equipas nem uma tiveram para amostra, os Espertalhos saltaram para a liderança, logo seguidos por uns BMV c/ Laranja que fizeram das cascatas (7) a sua vitamina. Os Zbroing caíam para terceiro, com a companhia dos surpreendentes Golfinhos, que carimbavam o passaporte para a primeira final da época.
Fora da contenda ficaram rapidamente Lais e Duracell, tendo os Folie e os Outsiders (curiosamente com 0 directas e 6 cascatas somadas), lutado até à última por um lugar na final, coisa que não lhes foi possível alcançar.
Nível 3 – O velho drama do photo finish
Entrados no último nível, a luta pela vitória parecia estar a cargo de uma dupla, com todos os outros lugares mais em aberto. Restava saber se iria ser um nível 2+ ou um 3 plus e, com vinte perguntas a dar a volta à sala (em 36 possíveis), rapidamente se viu que cada pontinho valia ouro. Com todas as suas perguntas incluídas nesse lote, os Golfinhos viram assim o seu destino traçado, o que não invalida a boa performance da noite. Feios, Porcos e Maus e Fónix, foram ombro a ombro até ao fim e a recuperação dos primeiros valeu-lhes o quarto lugar no desempate. Controlando as distâncias, os Zbroing calmamente asseguraram o terceiro lugar, trazendo mais alguma consistência a um início de época algo tremido por parte dos campeões.
Na frente, Espertalhos e BMV c/ Laranja, trocavam ponto por ponto e, cascata após cascata, o despique mantinha-se. Valeu uma cascata a mais a estes últimos para, no desempate, assegurarem uma vitória suada mas bem jogada e um segundo amargo de boca para os também segundos na classificação geral.
Apesar de certos aspectos não terem funcionado como porventura foram planeados, especialmente nos números mais arriscados, o jogo dos Mamedes proporcionou, no seu geral, uma noite agradável. Foi o seu melhor jogo? Talvez não, mas isso não tem nada a ver com o empenho e a dedicação em tentar que tudo corra pelo melhor. E, no que toca à parafernália tecnológica / apresentação, esta foi do melhor que já temos visto.
Acrescento ainda que é fácil perceber quando um jogo é planeado e distribuído, como foi o caso dos Mamedes, mesmo que não sejamos adeptos do estilo/nivel + puxado ou + fácil do mesmo. Se a isso juntarmos uma boa condução, isso ajuda a superar alguma insatisfação em certos pontos e faz uma clara diferença face a outras organizações que já tive oportunidade de comentar. E isto não tem nada que ver com ser mais tolerante com A ou menos condescendente com B.
* Uma nota do nível 2, que não tem directamente que ver com os Mamedes, mas mais com a dinâmica do Chicken Eye. Visto que qualquer equipa pode pedi-lo, há um aspecto que me faz confusão, dado que se verificou durante o jogo. Uma equipa respondeu correctamente (FPM), mas a organização não considerou e a pergunta deu a volta também porque outras equipas, vendo a resposta correcta invalidada chutaram outra coisa qualquer. Uma dessas equipas (Lais) pede o Chicken e verifica-se que havia erro na pergunta. É certo que foram os FPM que acertaram, mas é outra equipa que protesta, não ganhando nada com isso. A meu ver, no limite, deveria ser mais um ponto para ambos ou uma nova pergunta, pois os directamente envolvidos apenas tiveram uma acção passiva e saem beneficiados com isso, isto para além da rectificação óbvia do erro.