Com os astros alinhados, dentro e fora da Academia, tudo estava pronto para uma noite de cascata comme il faut. Até a Irmande compareceu (para tristeza do Sasquatch, que pretendia fazer aparição surpresa), tornando os Power2U nos únicos ausentes da ronda. Havia, no entanto, uma certa expectativa referente ào quiz dos Indomáveis, não pela sua reconhecida experiência, mas sim pelos factores que poderiam estar ligados ao seu pedido de adiamento.
Será que o seu quiz iria reflectir isso?
No meu entender, o quiz dos Indomáveis ficou um pouco abaixo daquilo que já nos mostraram serem capazes de fazer. Essencialmente porque pecou em aspectos que costumamos ver associados a equipas mais inexperientes na concepção destes quizzes. A formulação das perguntas deu margem, em alguns casos, para contestação das respostas ou do critério aceite, a distribuição temática aqui e ali não foi muito abrangente (notório no nível três), mas essencialmente foi na distribuição da dificuldade que este quiz falhou.
Se é legítimo fazer um nível 1 bastante acessível, é necessário tentar verificar transversalmente se a dificuldade está bem distribuída pelas equipas. Senão temos “mártires” a quem calha sempre a fava, enquanto outros se deliciam com bolos de directas. É talvez a parte mais complicada ao executar um quiz, porque há temas que nos são mais familiares e outros menos, tornando a estruturação da dificuldade mais complicada. Mas, por exemplo, ter uma equipa no nível 2 que tem quatro perguntas a dar a volta à sala, é demonstrativo do que isto pode causar.
Já se viram quizzes bem piores, também é verdade, mas aos Indomáveis a plateia (sempre exigente, por vezes demais) exigia uma montanha russa de emoções, mas ficou-se mais por uma montanha russa de oscilações.
Vamos por partes.
Ordem na sala, por favor.Foi uma parte escrita relativamente tranquila, com simplicidade temática suficiente para torná-la exequível no tempo previsto. Não foi muito rica, já que o somatório de perguntas a valerem dois pontos tornou-a mais reduzida, mas manteve-se interessante. Creio que apenas nas três perguntas musicais se poderia ter diversificado mais. Instrumentais, alguns deles covers de outras músicas, em salas com muito granel e dada impossibilidade de os repetir, acabam por não resultar em pleno.
Mas, o que se pretende da parte escrita é um aquecimento equilibrado e foi isso que as classificações ditaram. Os Fónix meteram ordem na sala e depois de trabalho específico para emendar o desaire na escrita em Fevereiro, saíram na frente. Atrás deles um denso pelotão e nem as lanternas vermelhas Cavaleiros (ainda a aquecer ferraduras), Folie e Defenestrados tinham muito atraso para recuperar.
Nível 1 – Perdidos & AchadosTal como na série “Lost”, onde nem tudo é o que parece, o primeiro nível, que à primeira vista foi acessível, tinha um enredo mais complicado por detrás. A dificuldade oscilava, os temas e as actualidades nem sempre eram coerentes e algumas equipas viam as directas passarem-lhes ao lado. E, quando o primeiro nível tende para o muito acessível, menos de quatro directas acertadas já torna o apuramento complicado. A condução do jogo também foi visada nalguns aspectos, o que levou à pergunta da noite, fora de qualquer cascata “Mas tu vens-me bater?” Não ia, era só um Zbroing com os flaps exaltados.
O facto é que, no meio desta montanha russa, de repente os Fónix viam o seu desempenho na parte escrita ir para as malvas, os Mamedes viam-se longe da fase final pela primeira vez esta época e os Folie à Cinq e os Defenestrados viam que afinal a parte escrita era apenas um prenúncio de uma noite sem grande brilho. Já os Frikadellos, apesar de uma pergunta sobre Lego a apelar ao coração do seu elemento dimarquês também se ficavam por aqui, acompanhados por BMV e NNAPED que, a somar ao desequilíbrio desta fase, ficaram com a amargura de ter faltado apenas um ponto para outros vôos.
Do outro lado do espectro, Zbroing começavam a voar a grande altura, juntando às suas directas uma resma de cascatas. Cavaleiros e Feios, Porcos e Maus seguiam-se na tabela, ao passo que Espertalhos, Valentejanus, Golfinhos e a reaparecida Irmandade (estes dois últimos em estreia) tentavam preparar-se para a segunda fase. A fechar o pelotão, Lais, Unidade 101 e uns Ursinho a tentar trepar na classificação para prevenir males maiores.
Nível 2 – Mais uma volta, mais uma viagem.No 2º nível, repetiu-se um pouco a história do primeiro. Não houve polémicas de maior, as coisas até pareceram compostas, mas os problemas de desequilíbrio permaneceram. Por exemplo, em onze perguntas que deram a volta à sala, sete dividiram-se por duas equipas (Golfinhos e Irmandade) e tivemos equipas a acertar cinco directas e outras cerca de zero. Como é óbvio, nem tudo isto pode ser assacado à organização, porque há temas que escapam a certas equipas e outras vezes nem tudo corre como queremos. Contudo, essa disparidade parecia minar um pouco o jogo dos Indomáveis, contribuindo para alguma desmotivação.
Pelo caminho, nesta fase, ficavam os Golfinhos, cilindrados maioritariamente pela sua posição na sala, assim como Lais e Ursinhos (a falharem também a primeira final desta época), que não conseguiram recuperar o atraso que traziam do primeiro nível. A fechar o grupo, os Feios, Porcos e Maus, sem uma única directa neste segundo nível a não conseguirem capitalizar a boa prestação da fase anterior.
A par de três equipas que, no meio da noite incerta, conseguiam ir levando água ao seu moinho e chegar à fase final, os Zbroing continuavam em velocidade de cruzeiro, levando já cinco pontos de avanço sobre os Cavaleiros e dez sobre os Espertalhos, que fechavam o pódio nesta altura.
Nível 3 – Keep WalkingChegados a esta fase, perto das duas da manhã, pode dizer-se que se assistiu a um típico nível três a puxar para o cinco. Das 36 questões colocadas, vinte (!!) deram a volta à sala, ou seja, mais de 50%. Só por aí se pode ver que é difícil manter qualquer tipo de competitividade ou ver emoção a rodos, caso a diferença pontual entre equipas seja superior a três pontos. É certo que ainda assim existiram algumas perguntas interessante, mas não faltaram também diversas perguntas sobre whisky, citações genéricas e geografia, que não cativaram o público. Valentejanus e Irmandade, apesar do seu bom percurso, foram quase só espectadores nesta fase e só houve alguma emoção quando a Unidade 101 efectuou uma recuperação que os colocou taco a taco com Espertalhos, acabando estes por ter uma ponta final consistente para fechar o pódio. Os Cavaleiros mantiveram um bom ritmo neste início de época, com um segundo lugar que lhes permite uma liderança destacada.
No entanto, a noite era de uma equipa que se revelou apta para altos vôos, até em perguntas sobre a arte dos cuidados capilares faciais. Parabéns aos Zbroing, que regressaram às vitórias após longo jejum. Foram vencedores incontestáveis, num quiz que podia (devia?) ter tido outro brilho, para fazer jus aos pergaminhos dos Indomáveis.